39 anos na empresa. “Minha entrevista de emprego durou pouco mais de três minutos.”
O Gerente de Compras Luiz Carlos Müller nasceu em 17 de abril de 1963, em Cruzeiro do Sul (RS). Aliás, ele nasceu no mesmo ano de emancipação daquela pequena cidade localizada às margens do Rio Taquari. É o filho caçula entre nove irmãos. A bem da verdade, ele tem um irmão gêmeo, que nasceu minutos antes. Mas eles não são parecidos. “Eu sou alto e ele é baixinho. Eu puxei pela família da minha mãe. Meu avô era muito alto”, brinca o primeiro colaborador da Construtora Zagonel. Em novembro de 2020, Müller completa 39 anos na empresa.
A história dele nos remete a um enredo de dedicação, confiança e comprometimento. Müller morou até os 18 anos em Cruzeiro do Sul (RS). Vivia na “roça”. Quando atingiu a maioridade, e após completar o segundo grau na Escola João de Deus – com especialização em Auxiliar de Escritório –, partiu em busca de emprego em Lajeado (RS). Foi quando ele conheceu o fundador da construtora, José Zagonel. O encontro foi organizado pelo amigo e ex-colega, Luís Henz, que atuava no escritório de contabilidade que prestava serviços à construtora.
O ano era 1981. E a sede da Construtora Zagonel ficava na Rua Tiradentes, quase na divisa do bairro Florestal com o bairro Moinhos. Era uma propriedade de José Zagonel. E o escritório – duas salas – ficava no porão. “Eu não conhecia Lajeado. Só o Cine Alvorada e a Associação Rural. Mas eu tinha o endereço. Cheguei pela rodoviária e fui caminhando. Cheguei bem cedinho.” A entrevista durou pouco mais de três minutos, relembra. Foi tempo suficiente para ele explicar suas qualidades, demonstrar proatividade e ganhar a confiança do “Seu José”. “Ele confiou muito em quem me indicou”, ressalta.
“Ele também perguntou se eu possuía noções de escritório e curso de datilografia. Encerrou a entrevista e pediu se eu poderia iniciar imediatamente. Passava um pouco das 8h. Eu fiquei lá, sozinho, e ele saiu para verificar algumas obras. E foi assim que eu entrei na empresa, que na época ainda se chamava J. Zagonel. E continuo aqui até hoje”, orgulha-se. “Eu tinha até cabelo naquele tempo”, diverte-se, lembrando que José Zagonel era um jovem empreendedor, de fino trato, e muito centrado nos negócios. Em 1981, o fundador da construtora tinha 30 anos.
Durante alguns meses, Müller foi o único funcionário do setor administrativo da Construtora Zagonel. E ele fazia de tudo. “Fui contratado para cuidar da parte administrativa, controlar as compras, despesas e outras questões do escritório. Mas eu ajudava em muitas outras funções. Auxiliei na pintura da cerca da sede da empresa, e até dirigia o caminhão para entregar material de construção nas obras. A gente tinha um Mercedes-Benz 608. Enfim, a empresa ainda era pequena e esse esforço mútuo gerou uma relação de muita confiança.”
Müller acompanhou o crescimento da construtora e a perseverança de José Zagonel. “No início, a empresa construía apenas casas para terceiros. Não imaginávamos que a empresa cresceria tanto. Mas “Seu José” sempre foi um visionário. Sempre que sobrava um dinheiro, ele comprava um terreno. Não gastava com luxo. Ele tem o faro para o negócio imobiliário. É um dom que eu nunca vi em outros empresários do setor”, cita. Ele também enaltece o dom de repassar essa habilidade aos filhos.
O Gerente de Compras demonstra muito carinho com o fundador da construtora. “Eu perdi meu pai muito cedo e o José se tornou um segundo pai. Já discordamos muitas vezes, mas nunca brigamos.” Müller relembra diversos conselhos recebidos do chefe. Alguns foram bastante complexos. Outros, porém, chamam a atenção pela simplicidade. “Eu lembro que ele sempre alertava para trabalhar com fichas de telefone público no bolso. E eu não deixava por menos. Eu estava sempre com as fichas do ‘orelhão’ no bolso.”
Zagueiro profissional
Entre 1983 e 1986, Müller atuou em outra carreira profissional. Após alguns anos jogando nos juniores do Clube Esportivo Lajeadense – único clube profissional de futebol no Vale do Taquari –, o zagueiro/lateral foi convocado para atuar pela equipe titular, que naquela época disputava a Divisão de Acesso do Campeonato Gaúcho. “Muitos diziam que eu era meio bruto. Mas não era bem assim”, brinca. “Eu era o único jogador que possuía duas carteiras de trabalho. E a empresa sempre me deu liberdade para treinar e jogar”, salienta.
Casamento e casa própria
Nos primeiros anos em Lajeado, Müller morou com a irmã no Edifício Lincoln, e depois em uma casa no bairro Hidráulica. “Ela casou e eu fui morar com cinco amigos em uma espécie de ‘república’, ao lado do antigo Estádio Florestal. Era uma propriedade do “Seu José” e ele nos emprestou. Depois moramos em um prédio às margens da BR-386, erguido pela construtora. Mais tarde eu comprei um terreno no bairro Montanha – à época, Olarias –, e contei com apoio do “Seu José” para erguer a casa onde vivo até hoje. E ele não permitiu que eu construísse sem ‘prontilaje’”, conta.
Nesse intervalo de tempo, em 1983, Müller conheceu a atual esposa, “Dona Liane”. Eles se encontraram em um baile, na Sociedade Esportiva União Boa Vista (SEUBV), na cidade de Mato Leitão (RS). Foi amor à primeira vista. Ela é natural de Santa Clara do Sul (RS), outra pequena cidade do Vale do Taquari. Eles casaram cinco anos depois, em 13 de fevereiro de 1988. Passaram a lua de mel em Capão da Canoa, no litoral gaúcho. Nunca mais se desgrudaram e a família cresceu com os filhos Caroline e Guilherme, formados em Design e Engenharia, respectivamente.
Os sonhos e as viagens
Müller sempre falou a Língua Alemã. E um dos sonhos de infância era conhecer a Alemanha. Um sonho realizado pela Construtora Zagonel. Em 2016, ele completou 35 anos na empresa. E o presente-surpresa da empresa foi uma viagem de 15 dias pela Europa. Dona Liane, claro, também foi agraciada. “Foi muito emocionante”, resume. “A construtora é um dos maiores estímulos que eu tenho na vida. Acordo todos os dias às 6h e antes das 7h eu já estou aqui na empresa. Sinto-me muito bem aqui dentro.”
Após a primeira viagem internacional, que até hoje o emociona, Müller tomou gosto pela aventura de conhecer novos lugares. Dois anos depois, voltou à Europa na companhia da esposa e dos filhos. E não pretende parar tão cedo. “Eu vou me aposentar. E a cada dia, este dia está mais próximo. A vida é assim, tudo tem seu tempo. Quando chegar meu momento de relaxar, eu quero viajar muito. Quero conhecer todos os estados brasileiros. Quero conhecer a América do Sul, a cidade histórica de Machu Picchu. Enfim, eu ainda quero viajar muito.”
Texto: Agência Lente M