“Eu sou de uma geração que sempre valorizou muito o estudo e o trabalho”

O nosso Diretor Administrativo Cezar Henrique Haberkamp nasceu em 12 de agosto de 1967, na localidade de Arroio da Seca, em Imigrante (RS). Na época, o pequeno distrito ainda pertencia ao município de Estrela. A infância foi dividida entre a escola, as brincadeiras na rua com a turma de amigos e algumas viagens junto do pai, um dos primeiros representantes comerciais em uma tradicional metalúrgica do Vale do Taquari. “O pai ficava uma ou duas semanas fora, sem telefone. Era o jeito. E a mãe segurava a barra em casa com os dois filhos”, relembra.

São diversas as lembranças daquele período. Durante as férias, principalmente, mãe e filhos costumavam viajar com o pai. E tudo se transformava em uma aventura. Na década de 70, os caminhos entre o Vale do Taquari e as demais regiões do Estado eram árduos para os representantes comerciais. “Meu pai tinha um Fusca e atendia também clientes do oeste de Santa Catarina e Paraná onde grande parte das estradas não eram pavimentadas, nas épocas de chuvas mais frequentes, mesmo calçando/colocando correntes nos pneus, por vezes tinha de ser resgatado por tratores, o que dificultava e prolongava as viagens, recorda.

Cezar cita algumas viagens para a fronteira do Estado e para cidades da Região Metropolitana. “Era muito bom. Mas eu também gostava de voltar para casa. Eu sempre gostei de ficar perto de casa, nunca fui de passar muito tempo longe da família. E isso ainda perdura”, comenta. E não deu outra. Cezar aproveitou a infância e a adolescência na pequena e charmosa cidade de Imigrante. Por lá, ele cultivou amigos que até hoje o acompanham e aprendeu a dar extremo valor ao trabalho e aos estudos, ressaltando que daquela gurizada que jogava bola na rua surgiram, médicos, dentistas, biólogos entre outros profissionais de sucesso.

Ainda adolescente, e sem carro, Cezar realizava verdadeiras jornadas entre Imigrante e Lajeado para garantir o diploma de Ciências Contábeis na Universidade do Vale do Taquari, a Univates (à época, ainda era a Fundação Alto Taquari de Ensino Superior, a Fates). Entre as peripécias para conquistar a sonhada diplomação e realizar o sonho dele e dos pais, pegava o último ônibus do dia que ia até Estrela, dormia num quarto alugado e no dia seguinte pegava o primeiro ônibus para voltar a Arroio da Seca e trabalhar, conta que chegou até a pegar carona em uma viatura policial. “Tudo era mais difícil. Eu conciliava o trabalho na metalúrgica, os estudos e as distâncias que na época pareciam bem maiores, já que a estrada era de terra. Mas nunca deixei de acreditar”, orgulha-se.

A formação acadêmica foi o primeiro passo para ele deixar a cidade de Imigrante. Após quase 10 anos atuando na mesma metalúrgica para qual o pai trabalhou por mais de 30 anos, ele resolveu buscar a sorte em Lajeado (RS). Era dezembro de 1992. “Havia uma vaga para Contador na Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil). Eu levei meu currículo, mas a vaga já havia sido ocupada. Por sorte, o ‘Seu José’ (José Zagonel, fundador da Construtora Zagonel) fazia parte da diretoria e levou o meu currículo para a empresa dele. Ele ligou, conversamos brevemente, e o ‘santo fechou’. Um gringo e um alemão. E no dia 11 de janeiro de 1993, eu iniciei minha história aqui na empresa.”

Vida nova em Lajeado

O início foi complicado. “Eu nunca havia saído de casa e fui morar em uma república”, relembra. Já a sede da construtora ficava em um apartamento de dois dormitórios na Rua Tiradentes. Num dos quartos trabalhávamos eu e o arquiteto Muccillo, o outro quarto era a sala do Sr. Jose, na sala de estar/jantar ficavam a recepcionista/telefonista e o Luiz responsável pelas compras e pelo departamento de pessoal. “Foi uma época de muito aprendizado e muito trabalho. Trabalhávamos das 7h às 18h, durante a semana, mas também se fosse necessário aos finais de semana, participávamos de integrações com funcionários. A Construtora Zagonel sempre foi um grande time, uma grande família”, resume.

Ainda em 1993 e quase por acaso, ele foi chamado para lecionar como professor do Curso Técnico de Auxiliar de Escritório do Colégio Estadual Castelo Branco, em Lajeado. “Uma colega avisou sobre um professor que se aposentou e ela me convenceu a ir até lá falar com a Diretora. Ela disse: se você não assumir, os alunos perderão o ano letivo. E eu nunca tinha pensado em lecionar. Mas ela não aceitou o meu ‘não’. Por fim, foi uma experiência extraordinária e serviu para conhecer melhor a cidade e as pessoas. A substituição do professor que se aposentou durou mais de quinze anos. Para mim era um tipo de terapia que aliviava o stress do dia a dia. Hoje, aqui na construtora, há três funcionárias que foram minhas alunas.”

Cezar casou-se em 1997 com sua esposa Angela, que também veio a se formar contadora e atualmente é professora na UNIVATES. Em 2012 ele se tornou pai, aos 45 anos de idade. E é só orgulho ao falar da família. “Lembro de ver a Angela indo pro colégio de bicicleta, na época eu já trabalhava na Metalúrgica, a admirava, pois, sabia que ela pedalava mais de 12 quilômetros todos os dias para ir à escola. É uma guerreira. O destino nos juntou anos mais tarde e comprovou que a admiração da daquela época não era sem motivo e ainda hoje essa admiração só aumenta.” O irmão e a cunhada também são Contadores. “Acho que influenciei (na verdade na época não havia muita opção)”, brinca. Ao falar sobre os pais, a emoção aumenta. “Eles sempre priorizaram os estudos dos filhos. Nunca mediram esforços e abriram mão de muita coisa. Com a primeira economia que eu guardei, depois de formado, consegui comprar uma sala de jantar nova para a mãe”, conta. “Ela ainda tinha as mesmas cadeiras de palha da época do seu casamento”, salienta.

Por fim, ele também demonstra muito respeito e admiração pelo ‘Seu José’. “Sempre foi um amigo e colega muito obstinado. Ele coloca algo na cabeça e eu já sei que não tem volta, que vai dar certo. O que é ótimo. Desta forma, sempre aprendemos muito com os sonhos deste corajoso empreendedor. Ele sempre dizia: não precisa ficar preocupado, vai dar certo. Eu sempre fui muito ‘pé no chão’. Com ele, aprendi a ser movido a desafios. Já passamos momentos de dificuldade, sim, mas nunca perdemos a esperança e nunca deixamos de lutar, de sonhar. Nestes 28 anos de empresa muitas coisas mudaram, mas continuamos sendo uma espécie de grande família, as vezes tem algum problema mas a gente sempre acha uma solução. Somos uma verdadeira equipe”, finaliza.

Texto: Agência Lente M

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